Brasil é o segundo país com mais casos de burnout. (Yasser Chalid/Getty Images)
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Publicado em 7 de outubro de 2024 às 10h00.
Por Dr. Leonardo Fonseca, psiquiatra da Clínica Revitalis
Nos últimos anos, a discussão sobre saúde mental ganhou uma relevância sem precedentes, sobretudo no ambiente corporativo.
A pandemia acelerou transformações que já estavam em curso, trazendo à tona o impacto do trabalho no bem-estar emocional das pessoas. Mas atualmente, há um novo desafio, o Burnout, que passou a ser reconhecido como doença de trabalho, além da ansiedade e da depressão.
Atualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15% dos trabalhadores no mundo sofrem de algum transtorno mental. No Brasil, esse número é ainda mais alarmante.
Um estudo recente sobre estresse no trabalho, conduzido pela International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR), em 2023, apontou que 32% dos trabalhadores brasileiros apresentaram sinais de estresse severo, um aumento significativo em relação aos anos anteriores.
E essa situação tem consequências diretas tanto para a saúde individual quanto para o desempenho das empresas.
Definido como a exaustão extrema ligada ao estresse ocupacional, o quadro foi classificado como uma doença ocupacional pela OMS e, em 2024, continua sendo uma das principais causas de afastamento do trabalho no Brasil.
A pesquisa mais recente do Ministério da Saúde revelou que 9 em cada 10 trabalhadores que procuram auxílio psiquiátrico relatam sintomas relacionados ao esgotamento profissional.
Esse fenômeno é resultado de uma combinação de vários fatores: altas demandas, pouca autonomia, conflitos de valores no ambiente de trabalho e, em muitos casos, falta de apoio da liderança.
Por isso, é fundamental que as empresas entendam que qualquer transtorno mental, seja burnout, ansiedade ou depressão, não afeta apenas o bem-estar individual, mas também impacta diretamente a produtividade dos colaboradores e a retenção de talentos.
Como médico psiquiatra, percebo cada vez mais empresas buscando ajuda especializada para lidar com a saúde mental de seus colaboradores.
O papel da psiquiatria no ambiente corporativo é crucial, sobretudo na prevenção de transtornos mentais, por isso é necessário um olhar integrado entre gestores e RH para identificar e intervir de forma precoce e implementar práticas como pausas regulares, horários flexíveis, modelos híbridos, e acesso à apoio psicológico, podem fazer toda a diferença no clima organizacional.
A tendência é que as empresas que priorizam a saúde mental de seus colaboradores se destacam.
Em longo prazo, os benefícios são claros: maior engajamento, menores taxas de absenteísmo e colaboradores mais felizes e produtivos. O futuro da saúde mental nas empresas precisa ser repensado a partir de um espaço de acolhimento, onde o diálogo sobre saúde mental seja aberto e livre de estigmas.
O cuidado com a saúde mental não é apenas uma necessidade do presente, mas também um investimento no futuro das pessoas e das organizações. O papel da psiquiatria é essencial nessa transformação, e as empresas que entenderem este cenário estarão mais preparadas para enfrentar os desafios de um mercado em constante evolução.
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