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Relembre 5 marcos da trajetória de Jean Wyllys como deputado federal

Nesta quinta-feira, o parlamentar abertamente gay revelou que, por conta de ameaças recebidas, ele não assumirá o mandato

Jean Wyllys: (Wilson Dias/Agência Brasil/Agência Brasil)

Jean Wyllys: (Wilson Dias/Agência Brasil/Agência Brasil)

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Clara Cerioni

Publicado em 24 de janeiro de 2019 às 18h25.

Última atualização em 24 de janeiro de 2019 às 18h29.

São Paulo — O Brasil era outro em 2005, quando o então professor e escritor Jean Wyllys se tornou uma figura de projeção nacional ao participar da quinta edição do Big Brother Brasil e sair vitorioso com 50 milhões de votos.

Sua conquista foi vista como um feito histórico para a comunidade LGBT: ele foi o primeiro homossexual assumido a ganhar o prêmio de um milhão de reais. Sua concorrente na final era a ex-miss Paraná e atual atriz Grazi Massafera.

A partir de 2010, Wylys foi eleito por três vezes consecutivas para o cargo de deputado federal pelo PSOL.

Hoje, quatorze anos depois de sua estreia na TV brasileira, o parlamentar anunciou que não vai assumir seu terceiro mandato e deixará o país por medo de ameaças que tem recebido nos últimos meses.

Apesar de sempre ter sido alvo de homofobia, mesmo quando estava no BBB, Wyllys manteve seu trabalho como ativista contra a intolerância.

Em entrevista exclusiva ao jornal Folha de S.Paulo, ele revelou, no entanto, que depois do assassinato de sua parceira de política, Marielle Franco (PSOL), em março do ano passado, ficou cada vez mais difícil para ele se proteger. Por isso, tomou a decisão de ir embora e se "dedicar à vida acadêmica".

Primeiro parlamentar assumidamente gay a encampar a agenda LGBT no Congresso Nacional, ele se tornou um dos principais alvos de grupos religiosos e conservadores, principalmente nas redes sociais.

Em sua entrevista, ele disse se sentir "quebrado por dentro" em virtude de notícias falsas disseminadas a seu respeito, mesmo tendo vencido pelo menos cinco processos por injúria, calúnia e difamação.

O anúncio de Wyllys sensibilizou parte dos usuários das redes sociais, que agradeceram o trabalho realizado pelo parlamentar até aqui, enquanto outros reagiram com ironia e desprezo.

Durante seus dois mandatos, ele participou de 11 ações parlamentares, na maioria das vezes na temática de defesa dos direitos dos LGBTs. Relembre cinco momentos da vida pública de Jean Wyllys no Brasil.

1. Escolhido pela The Economist como uma das personalidades que defendem a diversidade

Em 2015, Wyllys foi escolhido como uma das 50 personalidades do mundo que levantam a bandeira da diversidade. A lista chamada Global Diversity List foi feita pela revista britânica The Economist.

Ele apareceu ao lado de Barack Obama, Malala Yousufzai, Caitlyn Jenner, Angelina Jolie e Bill Gates.

"O acadêmico gay, nascido na pobreza, já tinha ganhado um cargo de professor quando ele entrou para o programa (BBB) e cinco anos depois tornou-se o primeiro deputado federal para fazer campanha para o movimento LGBT", escreveu a revista na época.

2. Autor da lei sobre Dezembro Vermelho

Desde 2017, o Brasil adota anualmente uma campanha de conscientização ao enfrentamento do HIV/AIDS durante o mês de dezembro. A Lei nº 13.504/2017 foi apresentada pelo parlamentar e aprovada pelo Congresso. 

A campanha tem foco na prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV/AIDS.

3. Autor de 51 Projetos de Lei

Além da Lei sobre Dezembro Vermelho, o parlamentar também teve aprovado, em 2017, o Dia Nacional do Teatro Acessível: Arte, Prazer e Direitos, comemorado em 19 de setembro.

Seguem em andamento mais 49 propostas de sua autoria, entre elas a criação da Campanha Permanente de Conscientização e de Enfrentamento ao Assédio e Violência Sexual contra as Mulheres, a ser veiculada em transportes públicos.

A autoria original desse PL era de Marielle Franco, restrito ao Rio de Janeiro, e Wyllys a encampou ampliando a abrangência para o território nacional.

Ele também é o autor da polêmica Lei Gabriela Leite, em referência à prostituta que criou a Daspu, e que regulamenta a atividade dos profissionais do sexo. A proposta continua em andamento.

Na Câmara, ele também participou de 11 Frentes Parlamentares, que envolviam direitos humanos.

Entre elas está a Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT, que atuou como coordenador; Frente Parlamentar Mista de Enfretamento às DST e ao HIV/AIDS; Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos; Frente pela Liberdade de Expressão; e Frente em Defesa da Igualdade Racial.

4. Eleito "Parlamentar do Futuro"

Wyllys foi eleito por três vezes consecutivas o "Parlamentar do Futuro", do Prêmio Congresso em Foco. Em 2015, quando ganhou pela última vez, ele recebeu 18.148 votos.

Atrás dele ficaram o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) (11.740 votos) e os deputados Alessandro Molon (Rede-RJ) (3.195), Bruno Araújo (PSDB-PE) (1.753) e Roberto Sales (PRB-RJ) (1.576).

5. Idealizou a campanha Casamento Igualitário no Brasil

Ao lado de Fafá de Belém, o parlamentar lançou em 2012, durante a 16ª edição da Parada LGBT de São Paulo, a campanha pelo casamento civil igualitário, que não está regulamentado em lei no país.

O objetivo do movimento era conscientizar a população sobre a discriminação legal contra os casais do mesmo sexo, um ano após uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que estendeu aos casais do mesmo sexo as garantias legais do casamento heterossexual.

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