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Lula cita BNDES ao falar em formas de financiamento para gasoduto argentino

O presidente da República citou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao falar em formas possíveis de financiar o gasoduto Néstor Kirchner, que pretende levar o gás de xisto da região de Vaca Muerta ao Brasil

Lula: o Brasil vivia de costas para América do Sul e de frente para Europa, o que precisa ser mudado (Esteban Collazo/Argentine Presidency/Divulgação)

Lula: o Brasil vivia de costas para América do Sul e de frente para Europa, o que precisa ser mudado (Esteban Collazo/Argentine Presidency/Divulgação)

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EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de janeiro de 2023 às 15h54.

Última atualização em 23 de janeiro de 2023 às 18h11.

Apesar da resistência do empresariado brasileiro e do mercado financeiro à política de financiamento de bancos públicos a obras no exterior, o presidente da República citou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao falar em formas possíveis de financiar o gasoduto Néstor Kirchner, que pretende levar o gás de xisto da região de Vaca Muerta ao Brasil.

"Se há interesse dos empresários, se há interesse do governo e nós temos um banco de desenvolvimento para isso, eu quero dizer que nós vamos criar as condições para fazer o financiamento que a gente puder fazer para ajudar o gasoduto argentino", declarou o presidente brasileiro a jornalistas na Casa Rosada, durante a visita oficial à Argentina.

E acrescentou: "De vez em quando nós somos criticados por pura ignorância, pessoas que acham que não pode haver financiamento para outros países. Eu acho não só que pode, como é necessário que o Brasil ajude a todos os seus parceiros. E é isso que nós vamos fazer dentro das possibilidades econômicas do nosso País. O BNDES é muito grande. Durante a crise de 2008, se não fosse o BNDES e os bancos públicos, a economia brasileira teria quebrado."

Para Lula, foi "graças ao financiamento de R$ 500 bilhões do BNDES" que o Brasil teria sido "o último país a entrar na crise de 2008 e o primeiro a sair". Ele disse ter orgulho de quando o BNDES tinha mais recursos para financiar do que o Banco Mundial.

No discurso, Lula destacou que tinha orgulho de quando o banco de desenvolvimento financiava obras na América do Sul e nos países africanos. "Porque é isso que os países maiores têm que fazer, tentando auxiliar os países que têm menos condição em determinado momento histórico", afirmou. O presidente da República disse que os empresários brasileiros têm interesse no gasoduto Néstor Kirchner, assim como nos fertilizantes.

Relação com Argentina será a melhor entre todos os países da AL, diz Lula

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta segunda-feira, 23, que, ao final de seu mandato, a relação do Brasil com a Argentina será a melhor entre todos os países da América Latina.

"Não que eu tenha preferência só pela Argentina, mas é porque a Argentina é um País grande. A Argentina já foi a quinta economia do mundo. A Argentina tem conhecimento científico e tecnológico. A Argentina é um país que tem uma quantidade de universidades de primeira linha extraordinária. Aliás, eu quero agradecer às universidades argentinas porque só nesse País eu acho que recebi 11 títulos de honoris causa, oito em uma única vez", declarou Lula em Buenos Aires, em pronunciado ao lado do presidente argentino, Alberto Fernández.

De acordo com Lula, a segunda-feira é o começo de uma nova história entre os dois países. "Estejam certos que a Argentina será tratada com carinho e respeito que sempre mereceu. Nem o futebol será motivo de nos dividir, porque os interesses econômicos dos nossos torcedores são maiores", declarou o presidente brasileiro.

Para Lula, o Brasil vivia de costas para América do Sul e de frente para Europa, o que precisa ser mudado. "Vamos reconstruir a relação produtiva de dois países que nasceram para crescer", disse o presidente brasileiro.

Segundo Lula, a boa relação entre os dois países nunca deveria ter sido truncada. "Hoje não é dia de falar do acordo do protocolo que meus ministros assinaram aqui e do acordo que presidente [Alberto] Fernández e eu assinamos. Certamente vocês terão acesso a todos os documentos que foram assinados", afirmou Lula. "Hoje estou aqui para dizer ao presidente da Argentina, para dizer aos ministros argentinos e à imprensa argentina e à imprensa brasileira que hoje é a retomada de uma relação que nunca deveria ter sido truncada", acrescentou.

Lula agradeceu Fernández por sua "solidariedade" ao visitá-lo quando estava preso em Curitiba e lembrou as boas relações entre os dois países nos primeiros mandatos petistas, citando nominalmente a ex-presidente do país e atual vice-presidente Cristina Kirchner. "Minha relação com [Néstor] Kirchner e a companheira Cristina foi privilegiada", destacou.

De acordo com Lula, os empresários brasileiros já compreenderam a importância da Argentina. "As nossas universidades precisam estar mais próximas, porque uma boa relação não é apenas uma relação comercial, é também relação científica, tecnológica, cultural e sobretudo política", disse o presidente brasileiro.

E seguiu: "Quero dizer para vocês, com muito orgulho, que estou de volta para fazer bons acordos com a Argentina. Para compartilhar da construção daquilo que falta ser construído, para ajudar que Argentina e Brasil possam crescer economicamente. Quero garantir que nosso povo possa comer pelo menos três vezes ao dia. Quero garantir que nosso povo possa estudar, trabalhar e ter acesso à cultura."

Ignorando a forte crise econômica que atravessa a Argentina, o presidente afirmou que o país vizinho terminou 2022 em uma situação privilegiada. "Não apenas na economia, na política, mas no futebol", disse.

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