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Reajuste do STF não é derrota de Bolsonaro, mas há preocupação, diz Heleno

Reajuste dos ministros do STF e da PGR, aprovados na noite de quarta pelo Senado, tem impacto bilionário para os cofres públicos

Senado aprovou uma proposta que aumenta o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal em 16,38% (Adriano Machado/Reuters)

Senado aprovou uma proposta que aumenta o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal em 16,38% (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 8 de novembro de 2018 às 10h05.

Brasília - O futuro ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general da reserva Augusto Heleno, afirmou nesta quinta-feira que não considera uma derrota do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro a aprovação pelo Senado de uma proposta que aumenta o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal, mas destacou que há uma preocupação com o impacto da medida para os cofres públicos.

"Não é derrota, é preocupação. É preocupação até pelos gastos que foram anunciados, mas isso tem que ser bem estudado, não dá para fazer essa avaliação aqui, tem que avaliar principalmente o doutor Paulo Guedes (futuro ministro da Economia), avaliar qual é o impacto", disse Heleno ao chegar ao apartamento funcional de Bolsonaro, que ainda é deputado federal, em Brasília, para uma reunião com parlamentares.

O reajuste dos ministros do STF e da Procuradoria-Geral da República, aprovados na noite de quarta pelo Senado, tem impacto bilionário para os cofres públicos, uma vez que gera um efeito cascata em toda a magistratura e Ministério Público da União e também porque aumenta o teto de quanto um servidor público pode ganhar no país.

Os vencimentos, reajustados em 16,38 por cento, serão elevados dos atuais 33,7 mil reais por mês para 39,2 mil reais a partir de 2019, já no governo Bolsonaro. Horas antes da aprovação da medida no Senado, o presidente eleito chegou a alertar que "não é o momento" para conceder aumentos salariais, apontando que o país atravessa grave crise fiscal.

Um dos auxiliares mais próximos de Bolsonaro, o general Heleno não quis opinar sobre a decisão do Senado. "Está fora do meu espectro, prefiro não me pronunciar, fica no nível presidente da República. O próprio presidente Temer parece que tem que sancionar", limitou-se a dizer.

Heleno foi questionado sobre se Bolsonaro terá de atuar como uma espécie de moderador em relação a Paulo Guedes, que chegou a defender dar uma "prensa" no Congresso para tentar aprovar a reforma da Previdência ainda em 2018. Posteriormente, o presidente eleito disse que Guedes deveria ter falado em "convencimento" e citou a inexperiência política do auxiliar.

"Eu acho que eles vão trabalhar juntos, têm um relacionamento muito bom, então são muito francos um com o outro, isso é muito importante. Acho que essa transparência, essa lealdade das pessoas, isso constrói muito. A pior coisa que tem é você ter uma equipe de governo em que um fica com preocupação do que vai falar para o outro. Acho que esse jogo aberto é muito importante", disse.

Defesa

Heleno também afirmou que seria desejável que a escolha do futuro Ministro da Defesa ocorresse logo, embora tenha ressaltado que não é "indispensável" que saia ainda nesta quinta-feira.

"Não é indispensável que saia hoje, mas é bom que saia mais cedo. Primeiro que vocês ficam mais tranquilos e eu também. É importante, é o tal negócio, vai ter que acontecer e se acontecer logo melhor", disse ele, que anteriormente chegou a ser confirmado para ocupar a Defesa e depois foi deslocado para o GSI, pasta que tem gabinete no Palácio do Planalto.

O general da reserva disse que não está determinado que o próximo ministro da Defesa será de outra Força Armada que não o Exército -- origem do atual ocupante da pasta, o também general Joaquim Luna e Silva. "O que se busca é esse equilíbrio, porque essa diversidade de opiniões é importante. As Forças têm visões diferentes, até estratégicas. Então quando há um problema que chega e tem que ser discutido pelas três Forças, se o ministério da Defesa estiver presente facilita a discussão", avaliou.

Heleno afirmou que à frente do GSI deverá dar continuidade ao trabalho desenvolvido e que não vai "inventar a roda". "Estou tomando pé, ainda não vi minha mesa, meu gabinete. Não vi nada ainda. Estou no vestiário, botando camisa, chuteira, para poder entrar em campo. Então, não tenho muito o que comentar", disse.

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