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Pacheco x Marinho: a história dos candidatos que brigam pela Presidência do Senado

O atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi eleito em 2021 e busca a reeleição, enquanto Rogério Marinho tenta angariar a oposição bolsonarista

 (Pedro França/Agência Senado)

(Pedro França/Agência Senado)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2023 às 16h52.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2023 às 18h41.

O andamento das pautas e prioridades no Senado pelos próximos dois anos está sendo definido nesta quarta-feira, 1º de fevereiro, em meio à posse dos novos senadores e a eleição da Presidência da Casa.

ATUALIZAÇÃO: Rodrigo Pacheco é reeleito presidente do Senado com 49 votos

A eleição tem sido determinada por traições e votos de indecisos. A disputa está acirrada entre o atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem tido apoio de parlamentares ligados ao governo Lula (PT), e o senador Rogério Marinho (PL-RN), que representa a oposição ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Além de Marinho e Pacheco, o bolsonarista Eduardo Girão (Podemos-CE) também está na disputa, mas deve ter poucos votos.

O senador Rodrigo Pacheco

Pacheco: presidente do Senado desde 2021, na época eleito como candidato de Bolsonaro (Jefferson Rudy/Agência Senado/Flickr)

Quem é Rodrigo Pacheco

Pacheco nasceu em Porto Velho, em Rondônia, mas foi criado no interior de Minas Gerais, onde construiu sua carreira política. Inicialmente, o hoje senador chegou a Brasília como deputado federal pelo MDB, em 2014, mandato no qual chegou a ser presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) entre 2017 e 2018, tendo sido base aliada ao governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Nas eleições de 2018, já fora do MDB e filiado ao DEM (atual União Brasil), Pacheco se candidatou ao Senado e venceu, com plataforma de direita e centro-direita. Seu mandato, de oito anos, vai até o início de 2027.

O auge de sua carreira política veio mesmo em 2021, quando Pacheco se elegeu presidente do Senado, em campanha apoiada pelo então presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil). Embora hoje seja visto como opositor de Bolsonaro, Pacheco teve na eleição daquele ano apoio da base do presidente, sendo o candidato "governista" na disputa pelo Senado e derrotando a então opositora, a senadora Simone Tebet (MDB), hoje ministra do Planejamento no governo Lula.

Nas eleições de 2022, Pacheco, já no PSD desde 2021, chegou a ser ventilado pelo líder do partido, Gilberto Kassab, como um dos possíveis nomes da "terceira via" às eleições presidenciais, diante da indefinição dos nomes na disputa que não fossem Lula ou Bolsonaro. A candidatura, porém, não vingou, e o senador sequer concorreu - em parte por pouco desejo do próprio Pacheco, que decidiu concentrar as energias na disputa pela reeleição no Senado.

Quem é Rogério Marinho

Nascido em Natal, Rio Grande do Norte, Marinho foi eleito deputado pela primeira vez pelo PSB (partido de centro-esquerda), em 2006. O parlamentar seria reeleito deputado em 2010 e 2014, já no PSDB. Ao longo da carreira, Marinho foi caminhando à direita e hoje é um dos principais nomes que tenta aglutinar a oposição próxima ao presidente Jair Bolsonaro, após ter tido cargos no último governo.

Rogério Marinho: senador tenta angariar oposição a Lula no Senado (Pedro França/Agência Senado)

Em 2019, o parlamentar, que vinha ganhando espaço no Congresso com pautas liberais, se tornou secretario da Previdência e Trabalho, já no governo Jair Bolsonaro. Marinho foi escolhido como parte da equipe do então ministro da Economia, Paulo Guedes. Em 2020, Marinho assumiu o ministério do Desenvolvimento Regional.

Nas eleições de 2022, Marinho foi eleito senador pelo Rio Grande do Norte, na vaga que era de Jean Paul Prates (PT, hoje presidente da Petrobras indicado por Lula) e Fátima Bezerra (atual governadora do Rio Grande do Norte). Marinho chegou ao cargo em um cenário em que o PT abriu mão da disputa no estado para uma aliança com o MDB.

Nos últimos dias, Marinho tem avançado em negociações e há indefinição sobre a real quantidade de votos que pode angariar. Há ameaça real de que Pacheco, considerado favorito na disputa pelo Presidência do Senado, possa ter a vantagem ameaçada. "Estou confiante de que vamos vencer as eleições. Há sentimento na Casa de incômodo, porque o Senado nos últimos quatro anos permitiu que houvesse hipertrofia de um poder sobre outro, e ela perdeu relevância", disse Marinho.

Quando será a votação para presidente do Senado em 2023?

A posse dos novos senadores eleitos (um terço dos 81 senadores totais na Casa) e eleição do presidente da Casa ocorre nesta quarta-feira, 1º de fevereiro, e a sessão começou por volta das 16h. A votação e definição sobre o vencedor da disputa à Presidência acontece ainda hoje.

Também nesta quarta-feira, tomaram posse os 513 deputados na Câmara. Por lá, porém, a tendência é que o atual presidente Arthur Lira (PP-AL) seja reeleito sem dificuldades (veja mais aqui).

Como está a votação para presidente do Senado?

O Senado tem 81 senadores e, para que um presidente seja eleito, é necessário maioria simples, com 41 votos.

Em tese, Pacheco conta com o apoio de toda a base do governo Lula e da maior parte das legendas de centro. No papel, o atual presidente do Senado teria os votos de partidos como PT, MDB, PDT, PSB, PSD, Cidadania e Rede, além do engajamento de ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como Flávio Dino (Justiça) e Renan Filho (Transportes).

Mas, como a votação é secreta, é impossível garantir que todos os senadores votarão de acordo com a orientação das bancadas. Principal representante da oposição, Marinho tem formalmente o apoio do PP, do PL e do Republicanos, os três partidos que lançaram a candidatura do ex-presidente Jair Bolsonaro à reeleição. Na urna, porém, ele espera ter muito mais do que os 23 votos de senadores dessas legendas.

Sinalizações importantes nesse sentido foram feitas nos últimos dias. Nesta terça-feira, 31, senadores do PSDB, do União Brasil e até do PSD, partido de Pacheco, anunciaram ou sinalizaram que votarão no candidato bolsonarista. Mesmo com o apoio formal da bancada do MDB ao atual presidente, reforçado nesta terça-feira, Marinho também espera votos de emedebistas.

O Senado, vale lembrar, tem parlamentares com mandato de oito anos cada (enquanto, na Câmara, os deputados têm mandato de somente quatro anos). Mas a Casa é renovada em etapas:

  • Nas eleições de 2022, foram eleitos um terço dos senadores (27 novos nomes), que ficaram no cargo até o início de 2031;
  • Enquanto os dois terços restantes (54 senadores) haviam sido eleitos em 2018, com mandato de oito anos, e só disputam novamente eleição em 2026.

(Com informações de Estadão Conteúdo)

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