Eleições no RJ: na Baixada, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve amplo apoio dos prefeitos e lideranças políticas da região (Alexandre Schneider/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 6 de novembro de 2022 às 09h48.
Aliados do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Baixada Fluminense, um dos principais palcos de disputa pelos votos na corrida presidencial no Rio de Janeiro, já traçam planos para as eleições municipais de 2024. Em Duque de Caxias, José Camilo Zito (PSD) saiu fortalecido para tentar voltar à prefeitura, enquanto em Nova Iguaçu a principal aposta é o ex-prefeito Lindbergh Farias (PT).
Único prefeito da Baixada a se alinhar a Lula no segundo turno, Waguinho (União), de Belford Roxo, vai usar seu peso político não só para fazer seu sucessor, mas também deve ter forte influência nos municípios vizinhos, como em Queimados. Ele é aliado da vice-prefeita Maise Justo (Solidariedade), que está rompida com o atual prefeito, Glauco Kaizer (Solidariedade). Além da aliança com o presidente eleito, Waguinho conquistou outro patamar ao ajudar sua mulher, Daniela (União), a ser a deputada federal mais votada do Rio
— A política se faz com parcerias. Considero normal esta movimentação, vislumbrando as próximas eleições. Até lá, vamos trabalhar, analisar propostas, discutir ideias — afirmou Waguinho.
É com o prefeito de Belford Roxo, a quem chama de Rei da Baixada, título que já foi dele, que Zito (PSD) conta, além de Lula, para tentar voltar à prefeitura que ocupou de 1996 a 2004.
Em Nova Iguaçu, Lindbergh deve mais uma vez tentar a prefeitura, que ocupou entre 2005 e 2010. Na época, o PT tinha a estratégia de expandir sua base na Baixada e indicou um de seus principais nomes no estado para ocupar e cargo e venceu. Agora, diante do avanço bolsonarista e as vitórias na região nos dois turnos, a estratégia deve ser repetida.
Na Baixada, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve amplo apoio dos prefeitos e lideranças políticas da região. O deputado estadual reeleito em São João de Meriti Léo Vieira (PSC), um dos que fez campanha para o titular do Palácio do Planalto, agora se diz orando por Lula na Presidência.
Derrotado nas eleições municipais de 2020, Vieira anunciou que concorrerá mais uma vez daqui a dois anos e também sinaliza que vai buscar um possível apoio de Waguinho.
— A gente reconhece o resultado e peço nas minhas orações que Deus dê sabedoria ao presidente Lula para um bom mandato. Hoje o Brasil está dividido e é hora de um chamamento que ele pode fazer. Tenho boas relações com o PT, que me ajudou em 2020, então podemos tirar coisas positivas daí. O prefeito Waguinho teve uma posição corajosa e foi ousado. Ele vai ajudar — afirmou Léo Vieira.
A postura do deputado estadual é isolada. Pelo menos por enquanto, os prefeitos“derrotados” da Baixada resolveram silenciar. A atitude também é uma forma de não se indispor com o atual mandatário, que tem a caneta até 1º de janeiro.
Aguerrido cabo eleitoral de Bolsonaro na Baixada, o ex-prefeito de Duque de Caxias Washington Reis (MDB) saiu duplamente derrotado nessas eleições, com a rejeição de sua candidatura a vice-governador na chapa de Cláudio Castro (PL) e o fracasso do presidente.
Assim como ele, os prefeitos de Nova Iguaçu, Rogério Lisboa (PP), e de São João de Meriti, Dr. João (Republicanos), mergulharam na campanha bolsonarista na Baixada e naufragaram juntos. Ambos estão em segundo mandato e podem ter dificuldade no diálogo com o governo federal para pleitear verbas e, consequentemente, viabilizar nomes para a sucessão.
O prefeito de Mesquita, Jorge Miranda (PL) foi o único a reafirmar seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
— Não há arrependimentos. Quanto à interlocução (com o governo Lula), acredito que todos temos o mesmo objetivo: cuidar da população — disse ele.