Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN): o primeiro peemedebista a desembarcar da equipe ministerial de Dilma (Ueslei Marcelino/Reuters)
Talita Abrantes
Publicado em 28 de março de 2016 às 20h01.
São Paulo - O ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, é o primeiro peemedebista a desembarcar oficialmente do governo. Ele entregou sua carta de demissão hoje - um dia antes da reunião que deve sacramentar a saída do PMDB da base aliada de Dilma Rousseff.
No texto, Alves afirma que o diálogo do PMDB com a gestão petista se "exauriu", e que o pedido de demissão é resultado de coerência ideológica e lealdade à legenda da qual faz parte.
"Assim, presidenta Dilma, é a decisão que tomo. Não nego que difícil, mas cosciente, coerente, respeitando o meu Rio Grande do Norte, e sempre - como todos nós - na luta por um Brasil melhor", afirma o peemedebista na carta - veja íntegra abaixo.
Debandada
Alves é o primeiro dos sete ministros que pertencem ao PMDB a pedir demissão. A expectativa é de que na tarde de amanhã, a sigla decida desembarcar da base aliada por aclamação - sem a presença do vice-presidente Michel Temer.
Em conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo, Temer descartou a possibilidade do PMDB permanecer no governo de Dilma Rousseff.
O PMDB hoje responde pela maior bancada do Congresso e pela presidência da Câmara e do Senado. Sem a legenda em sua base de apoio, risco de fim de mandato de Dilma aumenta.
Veja a íntegra da carta:
"Excelentíssima Senhora Presidenta Dilma,
Venho por meio desta carta entregar o honroso cargo de Ministro do Turismo do seu Governo e agradecer por toda a confiança e respeitosa relação mantida durante esses onze meses em que trabalhamos juntos.
Pensei muito antes de fazê-lo, considerando as motivações e desafios que me impulsionaram a assumir o Ministério (e que acredito ter honrado): fazer do Turismo uma importante agenda econômica, política e social do Governo e do País. Mas, independentemente de nossas intenções, o momento nacional coloca agora o PMDB, o meu partido há 46 anos, diante do desafio maior de escolher o seu caminho, sob a presidência do meu companheiro de tantas lutas, Michel Temer.
Todos - o Governo que assumi e o PMDB que sou - sabem que sempre prezei o diálogo permanente. Diálogo este que - lamento admitir - se exauriu.
Assim, Presidenta Dilma, é a decisão que tomo. Não nego que difícil, mas cosciente, coerente, respeitando o meu Rio Grande do Norte, e sempre - como todos nós - na luta por um Brasil melhor.
Estou certo de que, sendo a Senhora alguém que preza acima de tudo a coerência ideológica e a lealdade ao seu próprio partido, entenderá a minha decisão.
Respeitosamente,
Henrique Eduardo Alves"
(Com a agências Reuters e Estadão Conteúdo)