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MEC lança programa para cursos técnicos similar ao Pronatec, de Dilma

O programa Novos Caminhos, do MEC, abrirá 1,5 milhão de vagas em educação técnica profissional

Weintraub: o ministro assinou quatro portarias para dar andamento ao programa (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Weintraub: o ministro assinou quatro portarias para dar andamento ao programa (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Agência Brasil

Publicado em 8 de outubro de 2019 às 12h10.

Última atualização em 8 de outubro de 2019 às 15h56.

Brasília — O Ministério da Educação (MEC) vai ofertar mais 1,5 milhão de vagas em educação profissional e tecnológica até 2023. O aumento das vagas faz parte do programa Novos Caminhos, lançado nesta terça-feira.

O projeto tem semelhanças com o Pronatec, lançado em 2011 pela ex-presidente Dilma Rousseff. Como o Novos Caminhos, o Pronatec oferecia cursos técnicos profissionalizantes. No caso do programa do governo Dilma isso era feito por meio das organizações do Sistema S.

No começo do ano, o presidente Jair Bolsonaro criticou projetos nessa linha, afirmando que a pasta da Educação havia apurado "vários indícios de corrupção no âmbito do MEC em gestões passadas". Segundo ele, haveria uma "Lava Jato da Educação" para investigar esses projetos. Um dos programas citados por ele foi o Pronatec.

Com o Novos Caminhos, as atuais 1,9 milhão de vagas passarão para 3,4 milhões em todo o país, representando um aumento de 80%. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, assinou quatro portarias para dar andamento ao programa.

Segundo o ministro, o objetivo é acabar com preconceitos em relação a cursos técnicos e melhorar a qualificação dos profissionais. "Um curso técnico bom permite ao jovem ter renda superior a alguém formado num curso superior que não tem foco na realidade".

Essas vagas deverão ser ofertadas tanto no ensino médio quanto para jovens e adultos que já estão fora da escola. A pasta pretende, também, articular a oferta dos cursos com a demanda do mercado de trabalho.

"A educação tem de estar voltada para o mercado de trabalho. Não pode dar as costas e ignorar as demandas do setor produtivo", disse o secretário de Educação Profissional e Tecnológica, Ariosto Antunes Culau.

O programa prevê uma série de ações, que incluem mudanças na regulação da oferta de cursos técnicos, formação de professores e ampliação de cursos profissionais e técnicos.

Formação de professores

A meta da pasta, além da abertura de novas vagas para estudantes, é preparar 40 mil professores da rede pública até 2022 com aulas sobre atualização tecnológica, técnicas pedagógicas voltadas para a educação profissional, empreendedorismo e orientação vocacional e profissional. Serão abertas, também, 21 mil vagas para formação de professores de ciências e de matemática.

Deverão, ainda, ser reconhecidos mais de 11 mil diplomas de pessoas que concluíram a formação técnica na rede privada de ensino superior desde 2016, mas não tinham chancela da pasta por conta da ausência de ordenamento jurídico.

Pesquisa aplicada

O MEC pretende criar um escritório, que atuará na articulação entre os setores público e privado. Esse escritório deverá estimular a pesquisa aplicada, a inovação e a iniciação tecnológica. Serão lançados editais para estudantes, professores e pesquisadores com investimento total de R$ 60 milhões até 2022.

Além disso, a pasta anunciou a criação de cinco polos de inovação nos institutos federais voltados para empreendedorismo e pesquisas aplicadas.

Catálogo de cursos

A pasta vai atualizar o catálogo nacional de cursos técnicos, que orienta a oferta em todo o país. O catálogo vigente, segundo o MEC, foi atualizado em 2014, bom base no cenário do Brasil em 2013. "[Vamos fazer a] identificação dos conhecimentos e habilidades, das novas profissões, que devem ser incorporadas ao catálogo", disse o secretário Culau. Para a atualização, o setor produtivo deverá ser procurado para expor a atual demanda.

A pasta pretende, também, consolidar um novo marco regulatório para a oferta de cursos técnicos por instituições privadas de ensino superior.

Parceria com estados

Em parceria com os estados, a intenção é ofertar, até 2022, 2 mil vagas de mestrado profissional em redes estaduais.

Mais de 100 mil vagas voltadas para a qualificação profissional deverão ser ofertadas com recursos do Bolsa Formação, que estão, de acordo com o MEC, nas contas dos estados e do Distrito Federal. Para isso, serão repactuados R$ 550 milhões. Os entes federados poderão buscar parcerias com o Sistema S e com a rede federal.

Cenário internacional

De acordo com dados apresentados pelo MEC, o Brasil está distante da oferta de educação profissional e técnica de outros países. Enquanto no Brasil a oferta de ensino técnico chega a 8% das matrículas de ensino médio, no Reino Unido esse percentual é de 63%; na União Europeia, 48%; e, no Chile, 31%.

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