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Líder do MST diz que haverá menos ocupações de terra no governo Bolsonaro

Economista João Pedro Stédile afirmou que as mobilizações são feitas quando há chances de atingir o objetivo de conseguir terras para as famílias

João Pedro Stédile: economista falou sobre a mobilização social durante a atual gestão do país (Rovena Rosa/Agência Brasil)

João Pedro Stédile: economista falou sobre a mobilização social durante a atual gestão do país (Rovena Rosa/Agência Brasil)

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Beatriz Correia

Publicado em 10 de setembro de 2019 às 19h58.

Última atualização em 10 de setembro de 2019 às 20h05.

Líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o economista João Pedro Stédile afirmou que o grupo deve realizar menos ocupações de terras durante o governo Jair Bolsonaro. Stédile explicou, em entrevista ao site Poder 360, que a mobilização deve ser menor porque as chances de se atingir o objetivo também são mais baixas.

"As famílias não fazem uma ocupação por um protesto político, fazem na esperança de ter aquela terra e ter solução para o seu problema. Quando percebem, pelas forças políticas que estão no governo, que o Incra está praticamente fechado, que não tem perspectiva nenhuma de ele [o governo] dar uma recuada, então nós estamos num tempo de recuo, de ficar no estacionamento esperando mudar o vento para ver como se altera a correlação de forças políticas”, esclareceu.

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) é uma autarquia federal que é responsável, entre outras coisas, pela realização da reforma agrária.

Stédile também foi questionado sobre uma famosa expressão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que uma vez disse sobre o "exército de Stédile" — o MST — ir às ruas, em referência à capacidade de mobilização do grupo.

Ele reconheceu que a mobilização ficou menor devido às crises econômicas, que fazem cada classe social buscar uma solução para si, individualmente. "Em 2012, a crise veio com muita força. A crise econômica é a base de qualquer processo político. Ela rompeu a aliança de classes que sustentava o governo Dilma. A coitada da Dilma pagou um preço que não era dela. Ou seja: a crise econômica rompe a conciliação de classes e aí cada classe na crise tenta se salvar", disse ao site.

"O desemprego, o desânimo e a falta de esperança nos tirou a possibilidade de fazermos mobilização de massa. A massa não se sentia identificada com o governo Dilma", completou.

O líder do MST ainda afirmou que a capacidade de mobilização do movimento é "muito pequena". De acordo com Stédile, o MST tem influência sobre a classe trabalhadora, a qual permanece mobilizada. O economista explica também que a movimentação de grandes massas só ocorre quando envolve fatores psicossociais.

"O povão só se mobiliza por algum fator psicossocial que leve a uma indignação muito grande em determinados períodos da história do país. Não é só porque Stédile, porque o Lula mandou", declarou.

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