São Paulo - Minutos após aceitar o pedido de impeachmet da presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha já estava entre os trending topics do Twitter.
Os tuítes mostram que o discurso de Cunha não colou muito entre os internautas, que comentam que o presidente da Câmara foi um tanto irônico ao anunciar a aceitação do pedido de impedimento.
Na coletiva de imprensa realizada para informar sua decisão, Cunha disse lamentar que a situação tenha chegado a tal ponto e afirmou que o acolhimento do processo de impeachment não tem motivações políticas.
Enquanto alguns tuítes fazem piadas sobre o tom irônico de Eduardo Cunha e criticam o deputado, acusando-o de participar de esquemas de corrupção, outros também elogiam a atitude do parlamentar e comemoram a decisão de abertura do processo que julgará se o impeachment poderá ser realizado ou não.
Confira a seguir alguns dos tuítes sobre o presidente da Câmara.
Ainda que muitos tuítes critiquem o presidente da Câmara, alguns também declaram apoio ao deputado.
Confira o passo a passo do processo de impeachment contra Dilma.
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1. Uma polêmica atrás da outra
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1/9 (Lula Marques/Agência PT)
São Paulo - 2015 foi o ano de
Eduardo Cunha. Não à toa: o político do PMDB é o atual presidente da
Câmara dos Deputados, o terceiro nome na linha de sucessão à Presidência do Brasil. Mas os motivos que o tornaram famoso não são dos melhores: atualmente, ele é investigado por possíveis recebimentos de
propina e por contas secretas na Suíça que acumulam US$ 2,4 milhões, aproximadamente R$ 9,13 milhões. Opositores e movimentos sociais defendem a abertura de um processo de impeachment contra Cunha. E é enorme o número de pautas conservadoras que ganharam destaque na Câmara durante seu mandato. Pautas que não ajudaram em nada no desenvolvimento do Brasil como um estado laico e menos machista. Confira quais são a seguir.
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2. 1. PL 5069/2013 - Dificuldade na realização do aborto legal
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2/9 (Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)
Cunha escreveu esse projeto em 2013, que está sendo votado agora. Se virar lei, o texto tornará criminosa qualquer pessoa que auxiliar, ou induzir a mulher ao
aborto. Ele também prevê que toda vítima de estupro seja encaminhada a uma delegacia antes de receber tratamento médico, para que um exame de corpo delito ateste o estupro. Críticos ressaltam que isso bota a saúde da mulher em risco: afinal, seria o equivalente a exigir que vítimas de violência comum tenham de procurar primeiro uma delegacia antes de poder pedir atendimento médico. Mas não para aí: segundo o projeto, apenas procedimentos não abortivos podem ser feitos por médicos, mesmo depois de uma violência sexual - ainda que o aborto seja previsto por lei em caso de estupro. O texto ainda diz que cabe ao médico aconselhar ou receitar um meio que possa ser considerado abortivo, o que pode incluir, ou não, a pílula do dia seguinte.
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3. 2. PEC 99/2011 - Poder demais às Igrejas
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3/9 (Agência Primeiro Plano/Veja)
Aprovada por comissão especial da Câmara, a proposta aguarda votação no plenário, para partir ao Senado. O texto pede que igrejas tenham poder de contestar o Supremo Tribunal Federal, órgão máximo da justiça brasileira. Hoje, quem está autorizado a tal tipo de ação é o presidente da República, o procurador-geral da república, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), partidos políticos com representação no Congresso, confederações sindicais, entidades de classe de âmbito nacional e as mesas da Câmara e do Senado. Em um Estado laico, é um mistério por que as Igrejas deveriam entrar nessa seleta lista.
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4. 3. P.L. 7382/2010 - Lei que criminaliza a heterofobia
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4/9 (Joao Castellano/Reuters)
Também escrito por Cunha, esse projeto prevê a criação de uma lei que criminaliza o que é chamado de "heterofobia". Ou seja, acredita que pessoas sofrem algum tipo de preconceito ou violência por sentirem atração por alguém do sexo oposto. No Brasil, a homofobia não é crime, apesar de resigtros que apontam a morte de uma pessoa LGBT a cada 28 horas, e da primeira colocação no índice de países que mais matam transexuais. A PLC 122/2006 , que previa a criminalização da homofobia, foi arquivada em 2014, após passar oito anos transitando no senado.
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5. 4. P.L. 6583/2013 - Estatuto da família
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5/9 (Thinkstock/Thinkstock)
Em setembro, uma comissão da Câmara aprovou o projeto que determinava o conceito de família como "núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes". O texto, então, afirma que uniões de casais homossexuais, ou pais e mães solteiras, ou crianças criadas por avós, não formam uma família. Se tornada lei, a norma pode dificultar benefícios, como pensão, para casais não enquadrados na P.L.
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6. 5. PEC 215/2000 - Congresso demarcando terras indígenas
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6/9 (Ueslei Marcelino/Reuters)
O texto escrito pelo deputado Almir Sá (PL) prevê que o poder de demarcar terras indígenas passe do poder executivo para o Congresso. A medida foi aprovada por uma comissão especial da Câmara, e seguiu para o plenário da casa. A proposta é altamente criticada por grupos indígenas, que temem serem lesados por congressistas simpáticos à ruralistas, o que faz sentido já que a banca agropecuária tem atualmente 169 membros.
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7. 6. PEC 171/1993 - A redução da maioridade Penal
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7/9 (Lula Marques/Agência PT)
A proposta tramitava na Câmara desde 1993, e conseguiu ser aprovada na Casa durante o mandato de Cunha. A lei prevê alterar maioridade penal de 18 para 16 anos de idade em crimes hediondos, como homicídio doloso, lesão corporal, sequestro ou estupro. A questão divide juristas e críticos à redução da maioridade indicam que, além de não ajudar na recuperação do jovem detido, a medida dá abertura para que daqui alguns anos ela seja extendida para outras infrações.
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8. 7. PL 4148/2008 - Ocultação do símbolo de transgênicos
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8/9 (Getty Images)
A Câmara aprovou em março o texto que pede alterações na forma como produtos transgênicos são identificados em suas embalagens. A mudança mais importante seria a retirada do símbolo do transgênico. De acordo com o redator da proposta, deputado Luis Carlos Heinze (PP), a letra T dentro do triangulo amarelo não informa o consumidor, apenas o assustaria. A proposta agradou a bancada ruralista, mas dificultou o acesso à informação da população - afinal, ainda há muita discussão sobre os efeitos de produtos transgênicos na saúde humana.
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9. E a Lava Jato?
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9/9 (Ueslei Marcelino/Reuters)