O Congresso Nacional, segundo Haddad, poderá e deverá ter participação da gestão do Orçamento (Fabio Vieira/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de novembro de 2022 às 15h34.
O ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT) disse nesta sexta-feira, 25, que o orçamento público no Brasil deve ser reconfigurado no País de modo a dar mais consistência e transparência aos gastos públicos. De acordo com Haddad, essa reconfiguração deve ocorrer com a colaboração do Congresso.
"Temos desorganização de programas estruturados há décadas, que vêm perdendo funcionalidade", declarou o ex-ministro, no período da tarde da sexta, no Almoço Anual de Dirigentes de Bancos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), representando o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para o ex-prefeito de São Paulo, "qualquer pessoa minimamente versada em distribuição de renda" dirá que é preciso repensar diversos gastos no País. "Temos tarefa enorme de reconfigurar o Orçamento e dar a ele mais transparência", destacou, citando as áreas de Ciência e Tecnologia e Cultura.
O Congresso Nacional, segundo Haddad, poderá e deverá ter participação da gestão do Orçamento. O ex-ministro disse que o Congresso pode participar para redirecionar verbas para áreas que parlamentares consideram prioritárias, reiterando que não haverá retirada do "protagonismo do Congresso".
Na avaliação de Haddad, há "alguma coisa de muito errada que está acontecendo com desenho e execução do Auxílio Brasil". "O Bolsa Família acabou com a fome nesse País com transferência de renda da ordem de menos de 0,5% do PIB", disse. "Hoje tem programa de mais de 1,5% do PIB que não resolveu o problema."
O ex-ministro da Educação disse acreditar que é preciso ter uma agenda séria no setor financeiro para continuar reformas no País. "Podemos continuar agenda forte para baratear crédito e torná-lo alavanca de desenvolvimento", avaliou.
De acordo com Haddad, uma agenda de adimplência, de acesso ao sistema bancário, é "tarefa essencial". "Estamos dispostos a auxiliar com essa agenda junto ao setor bancário e Banco Central", destacou.
O petista citou que a intermediação do Estado no Orçamento se completa com intermediação financeira e com crédito forte.
Fernando Haddad disse ainda que as empresas estatais têm investido pouco em ciência e tecnologia, apesar de estarem obtendo "lucros recordes". "O Brasil está investindo cada vez menos em Ciência e Tecnologia, e detalhe, com uma janela de oportunidade que há muito tempo não se vê", comentou.
"Empresas estatais investem pouco hoje em ciência e tecnologia, apesar dos lucros recordes que estão obtendo. Nosso investimento em ciência e tecnologia precisa ser revisto, precisa ser estimulado pelas empresas públicas e privadas com alta rentabilidade."
A "janela de oportunidade" à qual o ministro se referiu diz respeito à área de energia verde. Para Haddad, a demanda global por hidrogênio verde, energia eólica e energia solar tem o potencial de alavancar investimentos no País. Ele disse ainda considerar que há vantagens competitivas na indústria automotiva do País.
Sobre a agenda verde, o ex-ministro disse que Lula é uma figura respeitada no exterior e pode ajudar a destravar acordos internacionais que estão na gaveta. Ele acrescentou considerar que uma maior integração com o Mercosul pode facilitar a atração de investimentos para o País.
"Está se abrindo um conjunto de oportunidades muito impressionante para o Brasil e nós podemos nos aproveitar desse cenário para fazer a diferença. E contando com um personagem que é muito popular no exterior e muito respeitado no exterior", disse Haddad.
Ele acrescentou que, durante a viagem de Lula à Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP-27), no Egito, várias delegações trataram com o presidente eleito sobre o acordo entre União Europeia e Mercosul.
Haddad disse ainda considerar que o investimento feito pelo Brasil na área de educação básica, como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), é adequado na comparação com países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE). No entanto, o ex-ministro afirmou ser necessário melhorar a gestão no tema, para atingir as metas estabelecidas pela lei.
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