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Ernesto Araújo será o 2º ministro a deixar governo em menos de 15 dias?

Crise política pode se avizinhar ainda mais com afastamento do chanceler, criticado pela postura ideológica que poderia prejudicar esforços de aquisição de vacinas e fármacos

O chanceler Ernesto Araújo pode ser o segundo ministro a deixar o governo em pouco tempo (AFP/AFP)

O chanceler Ernesto Araújo pode ser o segundo ministro a deixar o governo em pouco tempo (AFP/AFP)

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Carla Aranha

Publicado em 25 de março de 2021 às 17h57.

Última atualização em 25 de março de 2021 às 18h12.

O vaivém de autoridades entre o Palácio do Planalto, os ministérios e o Congresso se tornou uma constante em Brasília nos últimos dias. Agora, o foco está no ministro Ernesto Araújo, de Relações Exteriores. Nesta quarta, dia 24, o ministro prestou depoimento no Senado sobre sua atuação frente à pasta, após críticas de parlamentares sobre sua gestão.

Nesta quinta, dia 25, Araújo foi até a residência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para explicar sua estratégia a respeito do posicionamento do Brasil no cenário internacional.

Nos corredores do Itamaraty, diplomatas já começam a confabular sobre o destino do ministro, cada vez mais acuado por críticas a possíveis impactos negativos da política externa brasileira na disputa global por insumos para a fabricação de vacinas. Alguns até brincam, dizendo que a embaixada em Caracas está vaga.

Ainda não há um nome definido para substituir Araújo, embora estejam sendo cogitados dois senadores, Fernando Collor (PRB-AL) e Antonio Anastasia (PSDB-MG). Segundo fontes próximas ao Congresso, a decisão pode ser uma questão de dias.

Caso essa previsão se confirme, Araújo deverá ser o segundo ministro a deixar o governo em algumas semanas. O general Eduardo Pazuello despediu-se do Ministério da Saúde nesta quarta, dia 24. "Estamos presenciando uma escalada de uma crise política que já vinha se desenhando e tornou-se mais aguda com o agravamento da pandemia e o colapso na saúde", diz o analista político André Cesar, da Hold Assessoria.

Os críticos das escolhas ideológicas do ministro, aliado confesso do ex-presidente Donald Trump e por vezes ácido sobre a China, teriam colocado o Brasil em uma posição delicada no cenário global. O problema teria se tornado ainda mais grave diante da necessidade premente de se adquirir fármacos e vacinas no exterior, dizem seus desafetos. Não é segredo que a torcida para que seja nomeado um novo chanceler vem crescendo, principalmente por pressão do Congresso.

Não tem faltado eloquência aos parlamentares a esse respeito. "Pede para sair, ministro", disse a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) durante sessão remota com o ministro e demais representantes do Senado nesta quarta, 24. O chanceler foi alvo de críticas sobre a maneria de conduzir a política diplomática com países como a China e a Índia, produtores globais de fármacos e vacinas — o Brasil está na fila para adquirir esses insumos.

Lira também não vem poupando declarações a respeito da atuação do Ministério de Relações Exteriores. "O país precisa retomar o diálogo com a China, a Índia e os Estados Unidos [na administração Biden]", disse o presidente na Câmara durante a reunião do Executivo, Judiciário e Legislativo sobre a crise do coronavírus no início da semana.

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