Sede da Odebrecht, em São Paulo (REUTERS/Rodrigo Paiva)
Talita Abrantes
Publicado em 24 de março de 2016 às 11h17.
São Paulo – Uma série de documentos apreendidos pela Operação Lava Jato revela pagamentos da empreiteira Odebrecht para mais de 200 políticos. Os dados foram revelados pela Justiça Federal nesta terça-feira e foram compilados pelo portal de notícias UOL.
Os documentos estavam disponíveis na página da Justiça Federal do Paraná até a manhã desta quarta-feira. No entanto, o juiz Sergio Moro decretou sigilo sobre o conjunto de planilhas. O magistrado pediu ao Ministério Público Federal que se manifeste sobre eventual remessa da documentação ao Supremo Tribunal Federal (STF).
As planilhas foram apreendidas na 23ª fase da Lava Jato em um imóvel do executivo da Benedicto Barbosa Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura.
A lista contempla nomes tanto da oposição quanto do governo, como os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), José Serra (PSDB-SP), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Lindbergh Farias (PT-RJ). O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também aparece nas planilhas, apelidado com o codinome "carangueijo", bem como o peemedebista José Sarney, batizado de "escritor" pelos executivos da Odebrecht.
Além deles, estão os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), e de São Paulo, Fernando Haddad (PT).
A cada nome são atribuídos valores, provavelmente, repassados pela empreiteira aos políticos. Nos documentos, contudo, não há qualquer indício de que os pagamentos sejam ilegais.
Os investigadores da Operação Lava Jato ainda estão apurando se esses repasses faziam parte do esquema de pagamentos de propina da empreiteira. Logo, os políticos que aparecem nessas planilhas não se tornam automaticamente envolvidos com o caso de corrupção em empresas públicas.
Operação Xepa
O grupo Odebrecht foi alvo nesta terça-feira da 26ª fase da Operação Lava Jato. A suspeita é de que o esquema de pagamento de propinas persistiu na empreiteira mesmo após a prisão de Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente.
De acordo com o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, a empreiteira possui um setor próprio focado no pagamento de propinas. Segundo ele, os desvios de recursos vão além de obras vinculadas à Petrobras.
“Existia uma estrutura profissional de pagamento de propinas dentro da Odebrecht. Não era algo esporádico e sim sistemático”, afirma Laura Tessler, procuradora da força-tarefa da Lava Jato. Segundo ela, em apenas uma planilha, os pagamentos ilícitos ultrapassam 69 milhões de reais.
Segundo a PF, há referências das iniciais de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, em planilhas, o que deixa claro que ele não só tinha conhecimento do esquema, como comandava a sistemática do pagamento de propina.
Veja as planilhas apreendidas:
Planilha da Odebrecht (parte 4)
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