Médicos na linha de frente no combate à pandemia: mais visibilidade para os profissionais de saúde nas urnas (Amanda Perobelli/Reuters)
Fabiane Stefano
Publicado em 7 de outubro de 2020 às 12h12.
Última atualização em 7 de outubro de 2020 às 13h47.
A preocupação do eleitor com a pandemia está se refletindo na política. Este ano há 22% mais candidatos ligados às profissões da saúde ou correlatas ou que utilizam palavras em alusão a área da saúde. É o que mostra um levantamento da EXAME feito com dados do TSE. São 26.286 agora, ante 21.590 em 2016.
As eleições 2020 trazem um recorde no número de candidaturas de prefeitos e vereadores, com um aumento de 10% em relação a 2016. Mas o avanço de candidatos entre os profissionais de saúde foi mais acentuado. Se consideradas somente as profissões ligadas à área da saúde, o aumento foi de 16% em relação a 2016. Se levados em conta somente os casos em que houve uso de apelidos, prefixos e títulos no nome de urna, ligados à saúde, o aumento foi de 39%. Assim como no caso dos militares e policiais, a simbologia da saúde avançou mais que o interesse dos candidatos em se declarar da área.
Eles usam alcunhas como “do Posto de Saúde”, “do Samu”, “do Hospital” e títulos como Doutor, Doutora e suas abreviações. Para aumentar a precisão do levantamento, EXAME descartou as ocorrências de advogado. O uso de apelidos acontece por várias razões, seja porque eles não são da área mas têm uma atuação política nela, seja porque já não exercem mais a profissão, mas enxergam no setor da saúde uma possibilidade de aumentar suas chances eleitorais.
As eleições deste ano ocorrem num cenário marcado por uma pandemia, que já infectou quase 5 milhões de brasileiros e vitimou 147 mil pessoas no Brasil. E os profissionais de saúde, que estão na linha de frente do combate ao coronavírus, acabaram ganhando ainda mais visibilidade nas disputas eleitorais.
Um estudo do Instituto Locomotiva em parceria com o Renova Brasil feito em agosto apontou que 67% dos entrevistados planeja votar em candidatos focados em resolver problema, independentemente do espectro ideológico. A pesquisa foi feita com 2.500 pessoas em 72 municípios.
Em ano de pandemia, a saúde ganhou especial destaque e deve ser um dos focos nas discussões de política pública na campanha, ainda mais do que nos outros anos. Uma mostra aconteceu durante o debate da Band em São Paulo — o primeiro da série de debates das eleições municipais —, no qual covid-19 e saúde foram os temas mais buscados na internet pelos eleitores, segundo levantamento do Google. Esses dois temas lideraram as buscas relativas ao debate durante todo o programa, ficando à frente de tópicos como educação, desemprego e corrupção.
O aumento de profissionais da saúde na política foi mais brusco em Rondônia, 58%, Sergipe, 50% e Santa Catarina, 45%. A profissão dominante são os técnicos de enfermagem, que representam 16% das candidaturas de saúde, em seguida vem os enfermeiros, agentes de saúde e médicos. Os técnicos também tiveram aumento em relação a 2016, 44%.
São considerados no levantamento aqueles que se declararam como enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, farmacêuticos, fisioterapeutas, psicólogos, agentes de saúde, dentistas, biólogos, paramédicos e outras ligadas ao ramo.