São Paulo – Para que os brasileiros não precisem de visto para entrar nos Estados Unidos, o Brasil vai precisar preencher todos os requisitos exigidos pelo governo norte americano, de acordo com a Secretária do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Janet Napolitano.

“Eu não posso negociá-los (os termos para o fim do visto)”, afirmou a Secretária. “O que estamos fazendo é trabalhando para ver quão perto o Brasil está de preencher os requisitos”, disse hoje a empresários em evento na Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham).

Durante o discurso sobre as relações entre os dois países, Janet se referiu ao fato como "a possível” entrada do Brasil no Programa de Isenção de Visto, dando a entender que não há nada garantido e tudo dependerá das negociações entre as duas nações. 

As demandas feitas pelos Estados Unidos referem-se à políticas antiterroristas e ao compartilhamento eficiente de informações. Não há também data prevista para que o país ingresse no programa.

Ontem, a secretária esteve em Brasília e assinou uma Declaração Conjunta de Intenções com o Ministro da Relações Exteriores, Antônio Patriota, e o da Fazenda, Guido Mantega. O documento estabelece a criação de um grupo de trabalho para estudar como eliminar as atuais exigências.

Sem pressa

Todo o processo ainda deve demorar: a primeira reunião, por exemplo, ocorrerá em Washington até novembro deste ano. A Secretária de Segurança Interna deixou claro, no entanto, que abolir o visto é algo em que “todos estão interessados”. “Isso representa trabalho nos Estados Unidos”, afirmou Janet Napolitano.

Foi com essa tônica que o presidente Barack Obama primeiro mencionou a intenção de mudar as regras de entrada para brasileiros, em janeiro deste ano. O anúncio foi feito ao eleitorado da Flórida, estado norte-americano onde ficam os parques da Disney, destino de grande parte dos 1,8 milhão de brasileiros que a diplomacia norte-americana espera para 2012. 

Desde então, os EUA tem feito esforços para agilizar também a emissão de vistos, prometendo para isso a abertura de mais dois consulados, um em Porto Alegre e outro em Belo Horizonte. 

A secretária de Relações Governamentais da Amcham, Michelle Tchernobilsky, considera que a medida terá efeitos benéficos também nas relações comerciais entre os países. "Facilita o acesso de homens de negócios de lá para cá e nossos para lá. Não é só turismo", afirmou.

A embaixada em Brasília e os três consulados dos EUA - no Rio de Janeiro, em São Paulo e Recife - emitiram 566 mil vistos entre janeiro e junho deste ano, 36% a mais que em 2011.