Color: a candidatura dele é bem vista pelo grupo de Lira porque resolveria uma situação incômoda para a campanha de Rodrigo Cunha (Andre Borges/NurPhoto/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de junho de 2022 às 12h56.
Última atualização em 2 de junho de 2022 às 13h30.
O senador Fernando Collor (PTB) avalia concorrer ao governo de Alagoas como candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Estado, de acordo com apuração do Estadão/Broadcast Político. Ao ingressar na disputa, segundo interlocutores, o ex-presidente estaria partindo para o "tudo ou nada".
A avaliação é de que Collor enfrentaria uma campanha dura e com chances menores de reeleição no Senado, diante do favoritismo de Renan Filho (MDB) nas pesquisas de intenção de voto. O emedebista renunciou ao cargo de governador de Alagoas para disputar a vaga no Legislativo. A campanha terá o reforço do seu pai, Renan Calheiros, que vai se licenciar do mandato de senador para se dedicar à eleição em Alagoas, como mostrou a coluna Jogo Político, do Broadcast.
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Collor também ficou isolado politicamente após o grupo liderado por Arthur Lira (PP-AL) lançar a pré-candidatura do deputado estadual Davi Davino Filho (PP) para o Senado na chapa de Rodrigo Cunha (União Brasil), nome apoiado pelo presidente da Câmara para o governo estadual. Apesar de terem se aproximado politicamente e serem ambos aliados de Bolsonaro, Lira guarda distância regulamentar de Collor e não topou patrocinar a reeleição dele.
A entrada do senador na disputa beneficiaria o presidente da República, que está sem palanque em Alagoas para sua candidatura à reeleição. Mesmo apoiado por Lira, aliado de primeira hora de Bolsonaro, Cunha foge de associações com o chefe do Executivo por receio de que a rejeição ao presidente no Estado o prejudique na campanha pelo governo.
A avaliação é de que Collor daria palanque robusto a Bolsonaro em Alagoas. O senador aglutinaria boa parte do eleitorado do presidente em Maceió, capital alagoana, considerada majoritariamente antipetista e conservadora. Além disso, ele ainda acumula alguma força eleitoral no interior devido aos tempos como governador do Estado (1987-1989) e senador, o que lhe daria condições de atrair apoio de prefeitos e vereadores.
A candidatura de Collor é bem vista pelo grupo de Lira porque resolveria uma situação incômoda para a campanha de Rodrigo Cunha. Principal adversário na disputa, o governador e candidato à reeleição Paulo Dantas (MDB), lançado na corrida pelo clã dos Calheiros, tenta aplicar em Cunha a pecha de bolsonarista. Ao se apresentar como nome do presidente na corrida eleitoral, Collor inviabilizaria este argumento.
O ex-presidente da República, que sofreu impeachment em 1992 por denúncias de corrupção, tenta selar aliança com o PL, partido de Bolsonaro. Com isso, pretende ter estrutura mais robusta na campanha, como acesso a uma fatia maior do fundo eleitoral e tempo de TV.
Sob o comando de Lira em Alagoas, o PL ainda não definiu quem vai apoiar na eleição estadual, já que Rodrigo Cunha se nega a marchar com Bolsonaro. Procurada pelo Estadão/Broadcast Político a assessoria de Collor não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Também cotado como candidato bolsonarista ao governo de Alagoas, o vereador de Maceió Leonardo Dias (PL) não negou as negociações com o senador, mas disse que a definição sobre candidatura será feita pelo próprio Bolsonaro.
"Alagoas possui diversas lideranças políticas alinhadas ao presidente. A definição do caminho a ser percorrido pelo PL no Estado será tomada após ouvirmos o presidente Bolsonaro. No momento, ainda existe indefinição quanto aos nomes da majoritária", afirmou.
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