Chuvas fortes: de acordo com a Defesa Civil do estado do Rio Grande do Sul, o ciclone afetou mais de 80 localidades (SILVIO AVILA/AFP/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 8 de setembro de 2023 às 18h10.
Última atualização em 8 de setembro de 2023 às 18h43.
As autoridades elevaram, nesta sexta-feira, 8, de 25 para 46 o número de desaparecidos, após a passagem de um ciclone devastador no Sul do país, que deixou pelo menos 41 mortos. Cinco dias após o fenômeno climático, que afetou 85 localidades, a Defesa Civil do estado do Rio Grande do Sul informou que as tarefas de busca continuam.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Índia para a cúpula do G20, enviou seu vice-presidente Geraldo Alckmin às regiões afetadas, onde deve chegar no domingo com uma delegação ministerial. "Estamos atuando em todas as frentes", escreveu Lula na rede social X (antigo Twitter).
Alckmin anunciou em entrevista coletiva em Brasília que o governo federal enviará 20 mil cestas básicas e kits de remédios para 15 mil pessoas no Rio Grande do Sul, cujas autoridades declararam estado de calamidade. Além disso, as mais de 3 mil pessoas que perderam suas casas receberão R$ 800.
As chuvas intensas e os fortes ventos obrigaram mais de 10 mil pessoas a deixarem suas casas. No total, há mais de 135 mil pessoas afetadas, segundo o último balanço. Pelo menos 41 pessoas morreram nas regiões castigadas pelo ciclone desde a segunda-feira, o mais recente de uma série de desastres climáticos nos últimos meses no país, o mais mortal no Rio Grande do Sul.
Em Muçum, a localidade mais afetada com ao menos 15 mortos, cerca de 30 pessoas seguiam desaparecidas, segundo a mídia local. Cerca de mil socorristas e dez helicópteros foram mobilizados para os trabalhos de resgate, que ficaram ainda mais difíceis com a destruição de duas pontes e pelo menos dez estradas bloqueadas parcial ou totalmente.
As Forças Armadas mobilizaram oito aeronaves, além de maquinários e 500 efetivos para ajudar nos trabalhos, disse Alckmin. Mas o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, já fez menção a possíveis obras de reconstrução, calculando cerca de 100 milhões de reais necessários para recuperar a infraestrutura rodoviária. "Vamos garantir a reconstrução dessas cidades, dessa infraestrutura e da vida dessas pessoas", afirmou em conferência de imprensa.
Além disso, as autoridades esperam que o clima instável se mantenha em todo o estado até a manhã de sábado devido à aproximação de uma frente fria do vizinho Uruguai. Alckmin deve visitar no domingo a cidade de Roca Sales, uma das mais afetadas, com dez corpos encontrados.
O Brasil sofre fenômenos extremos frequentes e os cientistas apontam para um vínculo com os efeitos do aquecimento global. "Tudo isso é resultado das mudanças climáticas", disse Alckmin.
Em junho, um ciclone deixou ao menos 13 mortos no estado do Rio Grande do Sul, enquanto milhares de pessoas foram deslocadas ou perderam suas casas. Em fevereiro, 65 pessoas morreram por deslizamentos causados por chuvas recordes que afetaram São Sebastião, um balneário turístico a cerca de 200 km da cidade de São Paulo.