Motocicletas: app pretender oferecer corridas mais baratas que Uber, mas é considerado inseguro pela Prefeitura de São Paulo (Marcelo Camargo/ABr)
Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2016 às 17h23.
Começou a funcionar hoje (30) na capital paulista, um novo serviço de transporte de passageiros, que além de carros populares e executivos, oferecerá o mototáxi.
Mesmo sem ser regulamentado pela Prefeitura de São Paulo, que considera o serviço inseguro, o aplicativo T81 está funcionando e pretende oferecer as corridas a um preço mais baixo que aplicativo semelhante, o Uber.
O T81 já está operando no Rio de Janeiro e Recife, mas, apesar de o serviço de mototaxista ser reconhecido pela lei federal n° 12.009 de 2009, cabe aos municípios regulamentarem a atividade na cidade.
Segundo um dos diretores do T81, Eduardo Pereira, o diferencial do T81 é não ter tarifa dinâmica (valores para as corridas que aumentam de acordo com a elevação de demanda), pagamento de valor fixo para o motorista, independente do valor da corrida; aceitar dinheiro para o pagamento e ser o único aplicativo que oferece a opção de mototáxi.
Pereira disse ter consciência de que, em São Paulo, não há o hábito de usar esse tipo de transporte, como em outras cidades brasileiras, e que também há falta de estímulo da prefeitura, com a alegação de que há risco de acidentes.
“Entendemos que, por nosso serviço ser privado e pela facilidade da mobilidade, o monotáxi trará funcionalidade para os paulistanos. Em Recife e no Rio de Janeiro, já estamos funcionando normalmente. Acho que, aqui em São Paulo, vai ser como o Uber, que gerou polêmica quando chegou. Vamos colocar em funcionamento. Nosso jurídico vai trabalhar junto à prefeitura e sabemos que, com o aval da população, nosso serviço vai acabar sendo aceito e a prefeitura vai regulamentar", disse Pereira.
O diretor do T81 frisou que um dos principais argumentos usados pela prefeitura para não regulamentar o mototáxi na cidade, a falta de segurança, é a principal preocupação dos sócios do aplicativo.
“Nosso sistema consegue entender a velocidade que o motoqueiro praticou. Ele não pode passar de 60 km por hora, precisa estar com capacete reserva, além do padrão de atendimento que adotamos. Nós vamos monitorar o tempo todo cada corrida de cada parceiro nosso. E cada corrida que se encerra será avaliada pelo passageiro. Se o motorista receber nota menor do que 4 por duas vezes, é descredenciado”.
De acordo com nota da prefeitura, a administração municipal vai intensificar as ações de fiscalização dos serviços de transporte individual de passageiros na cidade não regulamentados pelo município.
“Em decreto publicado em maio, e após diversas audiências públicas, a prefeitura regulamentou a circulação de veículos automotores com até sete passageiros, o que não inclui transporte sobre veículos de duas rodas. Em 2009, houve questionamentos sobre o assunto e um projeto de lei chegou a ser apresentado na Câmara Municipal. Mas o serviço não foi criado oficialmente”, diz a nota.
A Prefeitura de São Paulo explicou que a fiscalização dos serviços de transporte individual, o que inclui mototáxis, cabe ao Departamento de Transporte Público (DTP) da Secretaria Municipal de Transportes e, até o momento, não há registro de flagrante desse tipo de atividade na cidade.
Um dos argumentos para manter a proibição é o de que o transporte em motocicletas é inseguro e pode causar acidentes.
De acordo com os dados da prefeitura, em 2015 ocorreram 370 acidentes fatais com motociclistas, o que representa 37% do total de acidentes fatais (992) no ano, outras 117 vítimas tiveram ferimentos causados por acidente de trânsito.
Em 2014, foram 440 vítimas mortas e outras 149 feridas. Em 2013, 403 vítimas fatais e outras 128 feridas. Em 2012, foram 438 vítimas fatais e outras 166 feridas.
“Assim, o município de São Paulo entende que o serviço não está de acordo com a necessidade da cidade por causa do trânsito intenso e dos riscos de acidentes de trânsito que esse tipo de serviço acarretaria aos cidadãos em uma cidade com as características de São Paulo", diz a nota da prefeitura. Também observa que, em razão da complexidade, o assunto merece ser amplamente discutido.
Para o Sindicato dos Mensageiros, Motociclistas, Mototaxistas e Ciclistas do Estado de São Paulo (SindimotosSP), a liberação do serviço poderia abrir novas vagas de trabalho na cidade e minimizar o impacto da crise econômica.
Mas a entidade entende que há uma lei que proibe o uso de motociclistas para o transporte remunerado de passageiros e é necessário cumprir as leis vigentes.
A engenheira Gisele Santos, de 35 anos, disse que jamais andaria em um mototáxi, justamente por considerar a motocicleta um meio de transporte inseguro.
“Acho muito perigoso andar de moto aqui em São Paulo, porque os outros motoristas não respeitam”. Para a agrônoma Cristiana Guerreiro, 36 anos, essa seria a última opção de transporte, mas ela credita que a ideia pode ser absorvida pelos paulistanos.
“Para quem tem coragem, o mototáxi é uma boa ideia. Como o Uber, que chegou oferecendo vantagens, acredito que esse serviço pode ser interessante”, disse Cristiana.
Já para a auxiliar administrativa, Ellen Cristina dos Santos, 26 anos, o mototáxi seria uma ótima opção pela facilidade e agilidade. “Hoje vivemos com o tempo muito curto. Eu não teria medo, não teria problema algum, porque ando de moto tranquilamente com o meu marido. O mototáxi vai ajudar porque com as motos o acesso é mais fácil”.
O motofretista, Joilson da Costa Souza, 32 anos, trabalha com entregas há cinco anos e, para ele, o novo serviço pode significar mais vagas de emprego para os motociclistas de São Paulo.
“É uma opção a mais para o motoqueiro que trabalha na rua, porém, devido ao alto índice de acidentes com motos acaba-se criando uma expectativa baixa de atendimento. Mas é uma boa ideia e muita gente vai migrar para esse ramo. Como a cidade está caótica, é uma boa opção de transporte e vai ajudar muita gente que precisa se locomover rápido”.