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Análise: sabatina de Marçal estimula voto nulo e pode atrair eleitores para Boulos no 2º turno em SP

Cila Schulman, presidente do Instituto Ideia, avalia que a "entrevista de emprego" realizada por Marçal pode ter sido positiva para Boulos pelo potencial de tirar votos que foram de Marçal no primeiro turno que iriam para Nunes neste segundo turno

Publicado em 25 de outubro de 2024 às 19h33.

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A sabatina realizada pelo influenciador Pablo Marçal (PRTB), terceiro colocado das eleições municipais na cidade de São Paulo, com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) nesta sexta-feira, 25, pode favorecer o psolista por ter estimulado o voto nulo ou a abstenção no próximo domingo, avalia Cila Schulman, presidente do Instituto Ideia, no programa Eleições 2024.

“Vimos um grande libelo ao voto nulo e a abstenção. Os dois afirmaram que não votariam um no outro, e o Marçal disse que não votaria no Nunes”, disse Cila.

A entrevista no YouTube chegou a ter mais de 400 mil espectadores simultâneos. A live também foi transmitida nos perfis de Marçal e Boulos no Instagram.

Durante a sabatina, Marçal disse que não vota "na esquerda jamais" e que "Nunes é de esquerda, assim como você", se referindo ao Boulos. 

O candidato derrotado no primeiro turno voltou aos holofotes da corrida eleitoral ao desafiar o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Boulos para uma sabatina. O influenciador recebeu mais de 1,7 milhão de votos no primeiro turno e havia "liberado" seus eleitores no 2º turno.

Schulman aponta que a "entrevista de emprego", como Marçal apelidou a sabatina, pode ter sido positiva para Boulos pelo potencial de tirar votos que foram de Marçal no primeiro turno que iriam para Nunes neste segundo turno, além de atrair novos eleitores com propostas ligadas ao empreendedorismo.

“Todo voto que ele tira do Nunes é importante. Boulos pode ter tirado votos do prefeito e atraído um voto aqui ou ali. Por isso, essa sabatina foi positiva para o deputado”, disse.

O encontro, entre dois candidatos que protagonizaram ataques no primeiro turno, teve um clima respeitoso e sem ofensas.

O deputado assumiu promessas de Marçal, como escolas olímpicas e educação financeira no currículo escolar, e fez acenos para a população que quer empreender. O candidato do PSOL destacou que a prefeitura não pode aparecer apenas para “cobrar boleto” de comerciantes e pequenos negócios.

Na live, Boulos não comentou sobre o laudo médico falso que Marçal publicou no dia 4 de outubro, na véspera do 1º turno, que apontava que o psolista teria testado positivo para uso de drogas. Perícias da Polícia Federal confirmaram que o documento era falsificado.

Na última semana, o deputado buscou criar fatos políticos para diminuir a diferença com Nunes. Segundo o último levantamento do agregador EXAME/IDEIA, o atual prefeito tem 50% das intenções de voto contra 35% de Boulos. O levantamento considera 61 pesquisas com cenário de segundo turno.

Na última semana de campanha, Boulos dormiu na casa de eleitores, divulgou uma carta ao povo brasileiro e realizou uma caravana pela cidade, com debates de rua com a população.

A presidente do Ideia afirma que a estratégia da campanha foi positiva nessa reta final, mas pode não ser o suficiente para gerar uma virada. Cila aponta que a “boca do jacaré”, a diferença entre os dois candidatos, está diminuindo, mas não o suficiente para mudar o resultado até domingo.

“Não me parece que isso vai dar certo. Tem uma questão de tempo. Vamos lembrar da campanha do Bolsonaro em 2022. Todas as atitudes que o governo tomou para melhorar a imagem e atrair o eleitor aconteceram tarde e não foram suficientes para virar uma eleição com uma distância grande”, disse.

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