Alckmin: pré-candidato do PSDB disse que, no pleito de 2018, Brasil pode "errar novamente" e cometer "equívocos da eleição passada" (Leonardo Benassatto/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de abril de 2018 às 21h01.
Em um discurso de 19 minutos na cerimônia de transmissão do cargo no Palácio dos Bandeirantes, o agora ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) fez críticas aos governos petistas sem citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, elogiou o sucessor, Márcio França (PSB), e defendeu austeridade fiscal, mas responsabilidade social.
"O que aguarda o vencedor desse ano nas eleições é um governo difícil com uma herança duríssima deixada pelo PT, que apenas começou a ser enfrentada pelo governo do atual presidente." Ele citou que o desfio do mundo inteiro, não só do Brasil, é o emprego e a renda. "O que gera muito emprego e renda é a construção", exemplificou. Mas também disse que o Brasil tem um "problemão", que é falta de infraestrutura. "Brasil tem uma grande oportunidade, pois está tudo por fazer."
Alckmin falou para uma plateia que reuniu centenas de militantes uniformizados, prefeitos do interior e agentes públicos, como o senador José Serra (PSDB-SP), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes e o chanceler Aloysio Nunes Ferreira.
Em outro momento de sua fala, o pré-candidato à Presidência do PSDB disse que o Brasil "pode errar novamente". E cometer os "equívocos da eleição passada". Sobre França, que disputará a reeleição no cargo contra João Doria (PSDB), Alckmin afirmou que São Paulo vai estar "em ótimas mãos"
Alckmin também exaltou a situação das contas públicas em São Paulo. "Governamos de maneira austera. Isso não é demérito, é motivo de orgulho. Aqui as contas estão em ordem." Mas abordou o tema da corrupção. "O Brasil cansou da corrupção e da roubalheira".
Alckmin afirmou que todos têm direito de defesa, mas que decisão judicial tem de ser respeitada, ao comentar, sem citar o nome, a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que teve um novo pedido de habeas corpus negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e negociaria condições para se entregar à Polícia Federal (PF).
Ele afirmou ainda que o Brasil cansou do patrimonialismo e também comentou a prisão do ex-diretor da empresa Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa) Paulo Vieira de Souza, que aconteceu nesta sexta-feira. O ex-governador de São Paulo e pré-candidato a presidente disse que decisão judicial é para todos e que não há duas moedas, ao falar sobre Souza.
"Investigue-se e faça justiça", disse Alckmin, sobre a prisão do ex-diretor da Dersa. Ele também negou que conhecia Souza. "No meu governo, não teve nenhum problema", declarou. O ex-governador de São Paulo e pré-candidato garantiu que a Dersa investigou as acusações contra Souza e as levou ao Ministério Público (MP).
Em seu discurso, que encerrou a solenidade de transmissão do cargo, Márcio França usou a palavra "lealdade" para criticar indiretamente o ex-prefeito João Doria. "No dicionário cravado em nossos corações, só uma palavra precede a lealdade: gratidão". "Eu serei leal ao seu legado, governador Gerardo Alckmin", disse França.
Alckmin disse que a passagem de cargo a França não é uma "solenidade de fim" e que "nosso governo não terminou".