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Tarken: empresa começa suas operações intermediando a compra e venda de milho no mercado interno brasileiro (Matheus Silva/Getty Images)
Carolina Ingizza
Publicado em 25 de outubro de 2021 às 18h37.
Última atualização em 25 de outubro de 2021 às 18h51.
Um mercado gigantesco e uma dupla de fundadores respeitada: para a startup Tarken, especializada no agronegócio, essa foi a receita de sucesso que garantiu um aporte de 19 milhões de reais cinco meses após sua fundação.
A empresa, que nasceu com a proposta de ser um marketplace para compra e venda de grãos, teve como líderes de sua rodada seed os fundos Monashees e Maya Capital. Além deles, participaram também o fundo Gilgamesh e os investidores-anjo Carlos Garcia, fundador da Kavak; Pierpaolo Barbieri, fundador da Ualá; Brian Requarth, do Grupo Zap VivaReal; e Gokul Rajaram, executivo da DoorDash.
A Tarken é um projeto de Luiz Tângari e Carlos Neto, cofundadores da plataforma de manejo de pragas Strider, comprada em 2018 pela Syngenta — a transação, que não teve valores divulgados na época, é considerada uma das maiores do setor de agtechs da América Latina.
“Começamos nosso relacionamento com o Luiz e o Carlos através de nosso investimento na Strider há vários anos e agora estamos muito felizes de poder dar continuidade na parceria. O mercado de commodities agrícolas é gigante e pouco foi impactado pela inovação nos últimos anos. Acreditamos fortemente na capacidade de usar tecnologia e dados para agregar oferta e demanda, melhorar exponencialmente a experiência e construir um grande marketplace na região”, diz Marcelo Lima, sócio da Monashees, em nota.
O foco da plataforma da startup, no curto prazo, é o milho. Segundo expectativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de 2021/2022 deve produzir 116 milhões de toneladas de milho (alta de 28%) nas lavouras brasileiras. Desse total, pelo menos 73 milhões serão para suprir a demanda interna.
O objetivo da Tarken é conectar os produtores aos compradores de milho do mercado interno, os ajudando a arbitrar os preços e a achar parceiros logísticos — hoje, já são mais de 1.000 produtores cadastrados e a expectativa é chegar ao final do ano com 10.000 na base.
“O mercado de commodities, em geral, é como o de imóveis: para vender no preço certo, leva tempo. A falta de liquidez faz os produtores venderem com grandes descontos. O que a gente quer fazer é fornecer um software que ajude o produtor a encontrar a contraparte certa e a reduzir o risco das transações”, diz Tângari.
Segundo o fundador, o plano não é cobrar comissão pelas vendas intermediadas, mas sim oferecer serviços correlatos que façam sentido para as duas partes, como meios de pagamento, seguro de transporte e consultoria. "Não quero apertar ainda mais as margens de venda do produtor, então vamos ganhar dinheiro de outra forma. O plano é oferecer um serviço de concierge, ajudando a cotar serviços de transporte e garantia de qualidade", afirma o empreendedor.
Os sócios-fundadores investiram 8 milhões de reais para tirar o negócio do papel, mas foram a mercado captar para poder acelerar o desenvolvimento tecnológico da plataforma. Hoje, a equipe, que fica em Belo Horizonte, tem 20 profissionais, mas a meta é chegar a 50 até o final do ano. "Carlos e eu somos fundadores de produto, acreditamos que ter o melhor produto define o vencedor em um mercado, então estamos investindo em um algoritmo que possa realmente ajudar nossos clientes", diz.
Depois de se consolidar no milho, a startup vai seguir para outros tipos de grão. A oportunidade é enorme. Em 2020, o agronegócio teve participação de 26,6% no produto interno bruto brasileiro. "Mesmo que o agro seja o maior impulsionador do PIB no país, a comercialização do produto e a sua dinâmica ainda são feitos de forma arcaica. Estou feliz em acompanhar a Tarken atacando este problema ao desenvolver um marketplace que conecta os negociadores", afirma Mônica Saggioro, cofundadora da Maya Capital.
De acordo com a Associação Brasileira de Startups, hoje são mais de 300 startups atuando no agronegócio no país. Segundo um relatório feito pelo Distrito, que acompanha o ecossistema de inovação do país, as agtechs brasileiras receberam, desde 2009, 160 milhões de dólares em investimentos, com mais da metade desse valor sendo aportada nos últimos três anos. Apesar da recente aceleração, o setor ainda representa pouco: até junho de 2021, as rodadas de empresas do agronegócio somaram 4,7 milhões de dólares, enquanto o total investido em venture capital no Brasil já passava de 5,2 bilhões de dólares.
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