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Inflação do azeite dispara, acumula alta de 25,62% no ano e preços devem continuar a subir

Mercado aquecido no Brasil tem atraído empresas estrangeiras de olho em obter maior participação

Oliveiras cultivadas pela Filippo Berio, na Itália: secas e pragas têm afetado a produção global de azeite (Filippo Berio/divulgação/Exame)

Oliveiras cultivadas pela Filippo Berio, na Itália: secas e pragas têm afetado a produção global de azeite (Filippo Berio/divulgação/Exame)

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Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 10 de novembro de 2023 às 11h35.

Última atualização em 10 de novembro de 2023 às 12h14.

Enquanto a inflação brasileira desacelera e acumula alta de 3,75% de janeiro a outubro, o preço médio do azeite de oliva subiu quase sete vezes mais no mesmo período e chegou a 25,62%. Somente em outubro, o produto encareceu, em média, 5,32% e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou aumento de 0,24%. O valor do óleo tem pesado no orçamento das famílias e a tendência é que o custo continue alto nos próximos meses diante dos problemas na safra global.

Como toda commodity, a formação de preços do azeite se dá no mercado internacional e a Europa concentra 75% da produção mundial. A safra global de 2022 foi a pior da história, com queda de 26%, comparada com o padrão histórico. A expectativa era de melhora em 2023, mas isso não tem se confirmado.

Leonardo Johnson Scandola, vice-presidente da Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira (Oliva) e diretor comercial para a América do Sul da marca italiana Filippo Berio, afirma que as mudanças climáticas, com fortes secas, explicam parte significativa da quebra de safra.

“As secas fortes, a falta de chuvas e temperaturas médias maiores direcionam a agricultura para um cenário incerto”, diz Scandola.

Preços continuarão altos no Brasil

Outro problema que tem afetado a produção de azeite é a bactéria Xylella, que acata as oliveiras e leva as árvores a secar. Segundo Scandola, esses dois problemas se somam aos custos industriais, de energia e de embalagens.

“Desde o começo do ano o custo do azeite aumentou 50% e já chega a uma alta 69% nos últimos 12 meses na Espanha e na Itália, os dois maiores produtores globais. E isso tem levado a uma queda do consumo. No Brasil, pesquisas de mercado apontaram crescimento nas vendas do varejo de azeite de 1,7% até setembro. Isso testemunha a paixão do brasileiro pelo azeite”, afirma.

O aumento das vendas no Brasil, entretanto, será acompanhado pelo aumento dos preços, diz Scandola. Segundo ele, os processos de encarecimento e redução do valor do produto chegam com atraso no país.

Para ter uma ideia, em agosto e setembro a elevação do custo do azeite chega a 30% na Europa. “O mercado e os consumidores brasileiros terão de enfrentar novos aumentos de preços”, diz.

Mercado aquecido

Quarto maior mercado consumidor de azeite do mundo, o Brasil tem atraído empresas estrangeiras em busca de uma fatia de mercado. De olho nesse potencial, a Filippo Berio desembarcou no país em 2020 e até 2022 cresceu 115% em volume de produtos vendidos e quadruplicou a participação de mercado, que passou de 1% para 4%.

Scandola afirma que a empresa exporta para 75 países, tinha uma tímida presença no Brasil e enxergou no país um mercado relevante. A empresa tem uma meta ambiciosa de se transformar em uma das três marcas mais vendidas no mercado brasileiro, dominada por rótulos espanhóis e portugueses.

“Acabamos de chegar, mas com visão estruturada. Mesmo querendo ser líder, sabemos dos desafios. Queremos chegar a ser uma das três marcas mais vendidas no Brasil. Mostrando a variedade e a qualidade do azeite italiano. Apesar de sermos uma referência mundial no azeite, lançamos duas categorias de produtos no Brasil. Uma linha de molhos pesto e uma linha de molhos de tomate.  Queremos ser embaixadores do azeite e da culinária italiana”, disse.

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