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Repórter colaborador
Publicado em 3 de maio de 2024 às 16h01.
Especialista do mercado já classificam essa como "uma das semanas mais loucas" da história. E o cacau é o principal responsável por isso. Os preços futuros despencaram, embora ainda tenha espaço para uma queda semanal de quase 30%.
Vale lembrar que, há apenas duas semanas, um contrato pela commodity atingiu o recorde de quase US$ 12 mil por tonelada, enquanto a indústria lutava com as consequências de uma grave escassez de oferta. Mas uma queda esta semana levou os negócios futuros a US$ 6.990 – 40% abaixo do máximo histórico –, acompanhados por oscilações extremas de preços, segundo a Bloomberg.
A retração marcou uma forte reviravolta para o cacau, que em certo momento tornou-se mais caro que o cobre. Os preços dispararam à medida que as fracas colheitas na África Ocidental deixaram o mundo perante um terceiro ano de escassez, tornando o chocolate mais caro. Mas a corrida desenfreada também tornou mais dispendioso para os investidores manterem as suas posições, o que levou muitos a abandonarem o mercado.
A crise de caixa está atingindo o mercado físico, forçando os comerciantes a adiar as compras dos principais produtores, informou a Bloomberg esta semana. Comprar mais grãos exigiria que eles protegessem suas compras no mercado de futuros - uma maior volatilidade significa colocar mais dinheiro para cobrir o negócio.
O cacau caiu 7,6%, para US$ 6.990 por tonelada, em Nova York na sexta-feira, antes de reduzir as perdas e ser negociado em alta de 0,9%. Ainda está a caminho de uma queda semanal de 28%, a maior desde 1959.
As chuvas recentes que poderão ajudar as colheitas na África Ocidental podem pesar sobre os preços. Ainda assim, é necessário mais para aliviar totalmente a seca na região.
A Costa do Marfim e o Gana, os maiores produtores mundiais, também aumentaram os preços pagos aos agricultores, o que poderá atrair mais grãos de volta ao mercado.
Cacau Show, que investirá 1 bilhão de reais para o desenvolvimento de 7.000 hectares de cacau no Brasil, em até 10 anos.
"O Brasil tem cerca de 600.000 hectares para a produção de cacau. Neste cenário, o anúncio de novos 7.000 hectares é um desafio hercúleo", diz Alexandre Costa, fundador e presidente da Cacau Show, em entrevista exclusiva à EXAME.
Há onze anos a Cacau Show investe na fazenda própria, a Dedo de Deus, em Linhares, no Espirítio Santo. É de lá que sai o cacau para a produção do chocolate Bendito Cacao. Mas, atualmente, apenas 3% da matéria-prima utilizada nos produtos são oriundos dessas fazendas.