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Agronegócio avança com três safras por ano na mesma área

Em algumas regiões, é possível obter três safras cheias de grãos como soja, milho e trigo, sem necessidade de arar, gradear ou adubar previamente a terra

Agronegócio: um conjunto de técnicas e manejos, aliado à pesquisa, está permitindo que a chamada terceira safra avance (Paulo Whitaker/Reuters)

Agronegócio: um conjunto de técnicas e manejos, aliado à pesquisa, está permitindo que a chamada terceira safra avance (Paulo Whitaker/Reuters)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 27 de fevereiro de 2023 às 18h41.

Última atualização em 28 de fevereiro de 2023 às 13h17.

Colher três safras agrícolas na mesma área em um ano e alguns dias não é novidade para o agricultor Emílio Kenji Okamura. Cultivando cerca de 1,8 mil hectares em Capão Bonito, no sudoeste paulista, ele plantou feijão entre agosto e setembro para colher em dezembro; na colheita desse grão, iniciou o plantio da soja, para colher agora em abril; o que vai abrir espaço na sequência para o trigo, que ficará no ponto em setembro.

"As condições de solo e clima em nossa região, que tem um regime de chuvas bem regulado, permitem fazer uma safra atrás da outra" diz o agricultor, que está longe de ser um exemplo isolado no País. A tecnologia do plantio direto, a irrigação e o melhoramento genético dos cultivares já permitem que os produtores brasileiros consigam colher até três safras agrícolas por ano numa mesma área.

Em algumas regiões, é possível obter três safras cheias de grãos como soja, milho e trigo, sem necessidade de arar, gradear ou adubar previamente a terra. O adubo é aplicado junto com a semente que vai para o solo quase no mesmo instante em que a cultura anterior é colhida. É cada vez mais comum nos campos brasileiros ver tratores com plantadeira "empurrando" a máquina colhedora.

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Segundo o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, um conjunto de técnicas e manejos, aliado à pesquisa, está permitindo que a chamada terceira safra avance em todas as regiões. Ele afirma que 70% dos quase 77 milhões de hectares cultivados já utilizam o plantio direto, o que tem permitido a colheita de safras sucessivas sobre o mesmo terreno - levando a safras recordes. Para este ano, a previsão é de colheita de mais de 300 milhões de toneladas de grãos. "Temos de levar em conta que a expansão da soja no País contribuiu para essa evolução, pois, além de ser um grão altamente produtivo, a planta tem características que preservam e enriquecem o solo, evitando sua exaustão", disse.

A capacidade de produzir safras sucessivas na mesma área é um dos fatores que contribuem para aumentar a produção agrícola do Brasil sem abrir novas áreas de cultivo. Esse recurso se aproveita do plantio direto, uma prática conservacionista iniciada na década de 1970 pelos agricultores brasileiros. A técnica consiste em manter o solo sempre coberto por plantas ou resíduos vegetais - geralmente a palhada da cultura anterior - para fazer a semeadura e adubação sem necessidade de revolver o solo.

A expansão da soja, que tem variedades precoces, com ciclo de 100 a 120 dias, ajudou a estreitar o calendário dos cultivos, possibilitando mais safras em menor tempo. Principal grão do País, a soja entra em praticamente todos os esquemas de uso intensivo do solo, fazendo a rotação com milho safrinha, feijão, sorgo e cobertura verde. "Outros países produtores de grãos, como Argentina, EUA e toda a Europa, não conseguem isso porque têm invernos rigorosos", disse Nepomuceno.

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